A MUDANÇA

Minha mudança, após a separação, se fez necessária pois, como a maioria dos casais, a roda de amigos era quase toda a mesma. O ponto de encontro com amigos era o mesmo. E como seria se ficasse por lá?
Toda vez que saísse encontraria com ele e a situação de controle continuaria, com certeza. Continuaria sem liberdade de conversar e brincar com as pessoas. Continuaria com medo dele apelar, "aprontar algum barraco". E como conheceria novas pessoas? Se existisse o interesse de alguém por mim, sabendo que ele estava por perto, como a pessoa chegaria? Divorciada, minha vida continuaria presa a ele.
A decisão de mudar de cidade, depois que minha filha desistiu, quase caiu por terra. Tive que me munir de muita coragem. Afinal, a partir da mudança, teria que viver completamente sozinha. Deixaria para trás minha família, minha filha, amigos que conquistei ao longo dos 50anos, conhecidos...
Logo que cheguei na nova cidade, a esperança era minha única companheira. Tinha alguns poucos conhecidos de minhas viagens anteriores a cidade.
Depois de um mês num quarto de hotel, junto com minha cachorrinha e com ajuda de conhecidos, consegui um apartamento para alugar. Fiz um contrato de seis meses. Creio que será um tempo suficiente para a aceitação da separação por parte dele. Depois deste período, resolverei se fico ou volto.
Agora era pensar em como ganhar dinheiro. Tinha muitas idéias mas não conhecia nada da estrututa da cidade. Comecei me associando a uma pessoa num projeto de uma série de eventos. A cultura, as idéias, são bem diferentes de acordo com a região do país. Logo percebi que esta pessoa era muito sonhadora, pensava alto demais e não tinha capacidade para tal. Depois do primeiro evento vi que realmente, do jeito que ele conduzia o projeto, não daria certo. Então, como não via boas perspectivas, dei um tempo.
Tinha algumas outras idéias mas, justamente agora, o novo prefeito estava reestruturando a cidade, caçando licenças. Estou agora em estado de espera.